Com um físico definido e simétrico, o modelo na foto representa um ideal de beleza masculina bastante valorizado. Seus músculos tonificados e baixo percentual de gordura refletem um padrão estético que, embora belo, pode gerar pressões significativas. A busca por essa estética é influenciada por diversos fatores, como a forte presença de imagens de corpos "perfeitos" na mídia e a valorização da aparência em diferentes culturas.
A Pressão Estética e o Corpo Masculino Gay: Um Olhar Sobre a Saúde e os Desafios
Na comunidade gay masculina, essa pressão estética pode ser ainda mais intensa e complexa. Estudos recentes, como os apontados pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em 2024, indicam que homens gays e bissexuais podem ter uma prevalência até 15 vezes maior de transtornos alimentares e dismorfia corporal em comparação com a população heterossexual masculina. A dismorfia corporal se manifesta como uma preocupação excessiva e irreal com supostos defeitos na própria aparência, levando a comportamentos compulsivos, como treinos exaustivos, dietas restritivas e uso de substâncias para alterar o corpo.
Por que essa necessidade excessiva de cuidar do corpo?
Existem múltiplos motivos para essa intensidade. Primeiramente, há uma internalização de ideais de beleza dentro da própria comunidade gay, onde um corpo "malhado" ou "fit" é frequentemente associado a atratividade e sucesso. Exemplos comuns incluem a popularidade de aplicativos de namoro que enfatizam a aparência física e a representação de homens musculosos em mídias direcionadas ao público gay. Essa valorização pode levar a uma busca incessante por validação e aceitação. Além disso, a sociedade em geral ainda impõe pressões sobre a masculinidade, e para alguns, um corpo forte pode ser uma forma de reafirmar essa masculinidade ou de se sentir mais seguro em um ambiente que ainda pode ser hostil. Traumas passados, bullying e a busca por um senso de controle em suas vidas também podem contribuir para essa fixação corporal.
Quais os cuidados necessários?
É crucial estar atento aos sinais de que o cuidado com o corpo está se tornando uma obsessão e prejudicando a saúde mental e física. Alguns exemplos de comportamentos de risco incluem:
- Treino excessivo: Malhar por horas todos os dias, mesmo lesionado ou exausto.
- Dietas extremamente restritivas: Eliminar grupos alimentares inteiros sem orientação profissional, ou seguir dietas da moda que comprometem a nutrição.
- Uso de substâncias para ganho de massa ou emagrecimento: Recorrer a anabolizantes ou outros suplementos sem acompanhamento médico, ignorando os riscos à saúde.
- Isolamento social: Deixar de participar de eventos ou encontrar amigos por causa de treinos ou dietas.
- Obsessão com a balança ou espelho: Verificar o peso e a aparência compulsivamente, gerando ansiedade e frustração.
É fundamental reconhecer que a saúde e o bem-estar vão muito além da aparência física. A busca por um corpo saudável deve ser equilibrada com o bem-estar mental e emocional. Buscar ajuda profissional, como psicólogos e nutricionistas, pode ser essencial para desenvolver uma relação mais saudável com o corpo e com a alimentação, promovendo uma imagem corporal positiva e realista.
Fonte:
UFJF - Transtornos alimentares: prevalência entre homens gays e bissexuais é 15 vezes maior. Publicado em 21 de outubro de 2024. Disponível em: https://www2.ufjf.br/noticias/2024/10/21/imagem-corporal-como-a-psicologia-e-o-esporte-atuam-em-pacientes-com-transtorno-dismorfico-corporal/
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